O ex-secretário de Política Agrícola, Neri Geller (PP), prestou depoimento à Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, na manhã desta terça-feira (18). Em sua fala Geller admitiu que sua relação com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), ficou estremecida ao ser exonerado da pasta por suspeita de envolvimento com de fraude no leilão do arroz.
Geller reiterou ainda que conversou com Fávaro antes de saber pela imprensa do seu afastamento. E manteve sua fala dita anteriormente, que havia esclarecido ao ministro que seu filho, Marcelo Geller, não era mais sócio do seu ex-assessor parlamentar, Robson França, proprietário da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso, que arrematou 44% dos lotes do certame.
“Eu não devo e, por isso, fiquei chateado sim com o ministro da Agricultura da forma como saí do governo. Quero deixar registrado que é legítimo por parte do ministro, o ministro é ele, é legítimo por parte do governo me afastar. Mas, na segunda-feira, conversei com o ministro Fávaro e falei que é assim, assim e assim”, disse o ex-secretário.
Na ocasião Geller deixou claro que era contrário ao leilão. Conforme ele, quando o assunto foi discutido na Casa Civil com as equipes dos ministérios da Fazenda e Agricultura, na Esplanada, ele fez uma apresentação aos técnicos explicando que o certame não resolveria o risco de subir os preços do arroz em decorrência da inflação, a qual ele chamou de “calo”.
Ele lembrou ainda que deixou claro que não haveria desabastecimento devido às enchentes no Rio Grande do Sul, uma vez que 83% da colheita já havia sido feita e os outros 17% estavam fora da rota da tragédia.
“É legítimo por parte do governo ter preocupação com a inflação do arroz e a minha posição sempre foi muito clara e com grande reconhecimento dos técnicos da Esplanada que participaram da discussão na Casa Civil. O presidente Lula teve a preocupação e é legítimo que tivesse. A inflação era um calo, mas nós sempre demos total segurança que não teria desabastecimento”, afirmou Geller em depoimento.
Conforme relatos do ex-secretário, o ministro Carlos Fávaro decidiu pela exoneração de Neri e tratou o fato como se o desligamento tivesse sido feito “a pedido” do ex-secretário. Diante da situação, Geller lamentou e assegurou que não vai “cair atirando” no governo federal, porém, vai expor a ordem dos acontecimentos.
“Estou à disposição da comissão, pois não irei esconder uma vírgula. O que vamos fazer é esclarecer os fatos. Jamais eu poderia sair do Minsitério da Agricultura pelas portas dos fundos. Jamais. A minha consciência não me permitria isso. Não caio atirando. Caio colocando os fatos como efetivamente são”, pontuou.