O vereador de Cuiabá, Paulo Henrique (MDB), pediu licença de 31 dias de seu mandato para dar explicações junto ao inquérito da Polícia Federal, no âmbito da Operação Ragnatela, que investiga recebimento de vantagens e propina para conseguir liberação e licença de casas de shows para eventos realizados por membros de facções criminosas. O anúncio foi feito durante a sessão desta terça-feira (11), durante seu discurso.
O pedido de licença ocorre um dia após vereadores da oposição terem protocolado um pedido de investigação contra o parlamentar pela Comissão de Ética da Câmara.
“Quero comunicar a esta Casa, que neste momento, vou protocolar a minha licença de 31 dias. A minha prioridade, desse servidor de 36 anos de serviço público, é a minha honra, é a minha família”, disse Paulo Henrique.
Paulo Henrique foi alvo de busca e apreensão em sua residência na semana passada. Na tribuna, ele se emocionou ao contar que seu filho autista, questionou a mãe, se os policiais que cumpriam o mandado de busca e apreensão, iria atirar no pai.
“Meu filho perguntou para mãe, será que a polícia vai atirar no meu pai [voz embargada]. É difícil. Mas nós vamos responder esses fatos um por um e vou voltar de cabeça erguida e falar o que está acontecendo no sindicato. Eu quero celeridade para provar minha inocência”, completou.
Durante sua explicação, Paulo Henrique se disse surpreso com a operação e indignado por algumas mentiras no inquérito.
“Fui acusado de atuar para liberação de alvarás para shows em troca de benefício e vantagens. Como vereador, fui procurado por promotores de shows que pretendiam a liberação de licenças e alvarás. Sempre me limitei a encaminhar tais pedidos para a pasta específica. Sem nunca ter requerido qualquer privilégio a qualquer pessoa que seja”, justificou.
“Essa investigação já ultrapassa há 2 anos. O inquérito mostra que meu sigilo bancário foi quebrado. E não tenho nenhum depósito ilícito e nem contribuição ilegal nas minhas contas”, continuou.
Ele também afirmou que a prisão de Rodrigo Leal, que foi indicado por ele para ser coordenador de cerimonial da Câmara, deverá ser respondida pelo próprio servidor, já que ele não sabia que Leal fazia após o horário de serviço.
“O funcionário Rodrigo Leal é um amigo há mais de 20 anos, eu indiquei ele pro cerimonial. Não sou covarde. (…) O indicado tem que apresentar todas as certidões criminais, antecedentes criminais. A partir da hora que ele termina o seu serviço aqui, eu não sei o que ele faz”, justificou.
Sobre a acusação de que teria recebido propina via Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do Município de Cuiabá, do qual é presidente, o parlamentar negou e apontou que houve erro dos investigadores.
“Outra acusação que eu teria recebido propina no sindicato que presido no valor de R$ 10.545 pagos pela empresa W.A Pereira, e como prova uma nota fiscal constante no inquérito. Isso é mentira. A empresa não pagou propina para o sindicato. Foi o sindicato que pagou a empresa por uma reforma no espaço do sindicato. Foi pago de telhas, como parte do pagamento. Eu não recebi propina, eu paguei a empresa pelo serviço que fizeram”, alegou.
Após o discurso, os vereadores da oposição justificaram o pedido de investigação, dizendo que o pedido não seria uma acusação de culpabilidade, mas apenas para investigar os fatos.