O capitão do Corpo de Bombeiros, Daniel Alves de Moura e Silva, denunciado morte do aluno soldado Lucas Veloso Peres, ocorrida em fevereiro deste ano, obteve licença médica por um período de dois meses. O benefício foi concedido pelo comandante geral do Corpo de Bombeiros, o coronel Alessandro Borges Ferreira.
A autorização de licença para tratamento de saúde foi publicada no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso desta segunda-feira (3). Consta no documento que o capitão Daniel, lotado na companhia de Sorriso, ficará afastado até o próximo dia 8 de julho. O período de licença começou a contar no dia 10 de maio.
No mês passado a defesa de Daniel entrou com pedido de anulação do inquérito policial militar (IMP) que apura a morte de Lucas, por supostas ilegalidades no processo.
Uma delas seria a convocação de um militar da reserva para atuar como responsável pelo IPM, o que não é permitido, além do fato de que ele não é especialista em salvamento aquático.
O caso
O capitão Daniel Alves de Moura e Silva foi o responsável por comandar a atividade prática de instrução de salvamento aquático, tendo como monitores o soldado Kayk Gomes dos Santos e o soldado Weslei Lopes da Silva.
Conforme a dinâmica proposta, a cada dois alunos, um deveria portar o flutuador do tipo Life Belt. Nessa divisão, o soldado Lucas Veloso Peres ficou com a missão de levar o equipamento. Após percorrer aproximadamente 100m da travessia a nado, o aluno passou a ter dificuldades na flutuação e parou para se recompor, utilizando o Life Belt.
Desconsiderando o estado de exaustão do soldado, o capitão determinou que ele soltasse o flutuador e continuasse o nado. A vítima tentou dar prosseguimento à atividade por diversas vezes, voltando a buscar o flutuador em razão das dificuldades.
O capitão insistiu para que o soldado soltasse o equipamento de segurança, proferindo ameaças, até que determinou ao soldado Kayk Gomes dos Santos que retirasse o flutuador da vítima.
O monitor retirou o Life Belt de Lucas e lhe deu “vários e reiterados caldos”. Desesperado e com intenso sofrimento físico e mental, a vítima passou a clamar por socorro e pedir para sair da água.
O capitão, que estava em uma prancha, desceu do equipamento, ordenou que os alunos continuassem a travessia e disse que supervisionaria o aluno. Ele se posicionou à frente da vítima quando percebeu que ela submergiu. Ao retornar à superfície, Lucas Veloso Peres estava inconsciente. A vítima foi colocada na embarcação e imediatamente constatada que “não havia pulsação carotídea, e, portanto, havia entrado em parada cardiorrespiratória”. O aluno faleceu no local.