Defesa do Capitão Bombeiro Daniel Alves ingressou com recurso pedindo a anulação do Inquérito Policial Militar sobre a morte do aluno soldado Lucas Veloso durante treinamento na Lagoa Trevisan, no início do ano. Inquérito levou a denúncia formalizada nesta quinta-feira (23) em que o capitão e o soldado Kayk Gomes dos Santos foram indiciados por homicídio qualificado.
De acordo com a advogada de Daniel, Priscila Porto, o recurso baseia-se em vícios encontrados no inquérito. São apontados pela defesa a irregular nomeação do encarregado, um oficial da reserva sem especialização em salvamento aquático e a ausência de diligências necessárias
“Ingressamos antes mesmo de oferecida a denúncia pelo MP, com Exceção de Nulidade, apontando vícios no inquérito. Desde a nomeação do encarregado que se deu fora dos ditames legais, bem como em face de inobservância de diligências necessárias ao deslinde dos fatos. Aguardamos a manifestação da Justiça”, informou a advogada.
Dentre as diligências não realizadas, a defesa cobrou a oitiva de médicos, especialmente o que recebeu o soldado aluno no hospital, bem como psiquiatra e cardiologista para confrontamento das provas colhidas no inquérito.
A defesa de Daniel Alves, contudo, nega que ele tenha praticado qualquer ato contra Lucas Veloso e reafirma a inocência do capitão e o compromisso com a verdade.
“Salientamos que a pessoa que hoje é crucificada dentro de um ambiente de treinamento, onde a todo momento buscou capacitar os alunos a serem os melhores bombeiros para salvaguardar a sociedade que precisa de uma atuação eficiente, é também o mesmo capitão que fora condecorado pela sociedade por seus diversos feitos de excelência, sendo muito respeitado por todos, antes dos lamentáveis fatos”, afirmou a advogada.
Denúncia
De acordo com a denúncia baseada nas conclusões do inquérito, no dia do treinamento, o capitão Daniel Alves determinou que os alunos se organizassem em grupos de quatro militares para realizar uma corrida de cerca de um quilômetro e, na sequência, atravessassem o lago a nado.
Conforme a dinâmica proposta, a cada dois alunos, um deveria portar o flutuador do tipo Life Belt. Nessa divisão, Lucas Veloso Peres ficou com a missão de levar o equipamento. Após percorrer aproximadamente 100 metros da travessia a nado, o aluno passou a ter dificuldades na flutuação e parou para se recompor, utilizando o Life Belt.
Desconsiderando o estado de exaustão do soldado, o capitão determinou que ele soltasse o flutuador e continuasse o nado. A vítima tentou dar prosseguimento à atividade por diversas vezes, voltando a buscar o flutuador em razão das dificuldades.