Várzea Grande celebra neste dia 15 de maio 157 anos. A cidade é a segunda maior de Mato Grosso, conhecido como ‘cidade industrial’, é rica em cultura e de um povo trabalhador. Para comemorar a data, haverá diversas programações pela cidade durante o mês. Nesta quarta, acontece o desfile cívico a partir das 16h, na Avenida Couto Magalhães , com participação de instituições e clubes de serviços.
O historiador, Suelme Evangelista Fernandes, contou um pouco da história da cidade industrial. Fundada na época da Guerra do Paraguai entre 1865 e 1870, a história de Várzea Grande está intimamente ligada ao poder. Foi quando as tropas do presidente do Paraguai, Solano Lopes, invadiram a região sul de Mato Grosso, que era unificada naquela época.
“Naquela época, Mato Grosso era uno, ele invadiu a região de Corumbá, Dourados, e isso criou um conflito internacional entre o Brasil e o Paraguai. O Brasil acabou sagrando-se vencedor nessa guerra. Parte dos prisioneiros dessa guerra vieram para Cuiabá e foi constituindo um assentamento de prisioneiros de guerras ali na beira, onde hoje é a ponte Júlio Müller, que liga Cuiabá a Várzea Grande, do lado direito do rio. Estabeleceu-se um presídio enorme e ali também já habitavam os indígenas chamados Guanás”.
Os Guanás e os Bororos formavam a população nativa tradicional que habitava Várzea Grande. “Várzea Grande sempre foi uma paragem, ou seja, um lugar de passagem para Vila Bela da Santíssima Trindade, do outro lado do rio e um local que se utilizava as balsas para atravessar de um lado do rio para o outro. Não existia ponte nesta época”, completa Suelme.
Em 1867, ocorreu então a emancipação desse terceiro distrito de Cuiabá, que era Várzea Grande, exatamente dois anos do fim da Guerra do Paraguai. Essas pessoas que estavam lá já tinham constituído um pequeno povoado com aproximadamente 5 mil pessoas e que requereram a emancipação política.
“Por isso que a maioria dos monumentos de Várzea Grande são dedicados a heróis de guerra do Paraguai. A história de Várzea Grande tem a ver com a história da Guerra do Paraguai e dos indígenas Guanás”, finaliza.
Cidade industrial
A vocação industrial ganhou notável impulso. Inúmeras doações de áreas, incentivos fiscais de toda natureza, infraestrutura adequada permitiram a atração de grandes grupos financeiros.
Disseminou-se a industrialização, a Alameda Júlio Müller, antigo caminho de pescadores, ganhou ares de distrito industrial, instalou-se ali a empresa Sadia Oeste, grande geradora de divisas e empregos.
Nas proximidades cresceu o grande bairro Cristo Rei, o maior de Várzea Grande e celeiro da mão-de-obra local. A explosão da industrialização, ocorrida em quase todos os quadrantes do município estimulou o comércio, que ferve em toda a extensão da Avenida Couto Magalhães.
Cultura
A presidente do Tece Arte, Gilane Maria, diz que as redes vendidas geram renda para 200 famílias da comunidade Limpo Grande.
“Nossa cultura é reconhecida como patrimônio cultural e material de Várzea Grande, do nosso estado de Mato Grosso. Nossa cultura é de Várzea Grande porque nós somos daqui, é nossa identidade, nossas raízes. Antigamente, tinha outras mulheres de outras comunidades que faziam, mas infelizmente hoje em dia não tem mais, inclusive nossa cultura estava quase em extinção, mas depois de muitas lutas e motivar as mulheres da nossa comunidade que estavam desacreditadas, nós conseguimos fazer com que elas voltassem a confeccionar, conseguimos fazer o resgate. Porém ainda temos uma longa missão pela frente, que é perpetuar a nossa tradição, pois os jovens de hoje em dia não querem dar continuidade nessa tradição tão linda”, relata.
As peças confeccionadas encanta quem as vê, e são consideradas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) como as melhores do Brasil.
“Estamos entre os 100 melhores artesanatos no Brasil, então para a gente é muito orgulho poder representar a nossa cidade e nosso estado de Mato Grosso, por ser uma peça única, inédita, somente feita aqui”, completa.
Mas a cidade também guarda outros tradições. Sim, também conhecido como ‘Rota do Peixe’, Bonsucesso é mais antigo que Várzea Grande e berço das mais tradicionais manifestações culturais da cidade. Ao longo de décadas, tornou-se referência em gastronomia e está no radar de boa parte dos turistas que chegam a Mato Grosso.
A rua principal do distrito de Bonsucesso formada por paralelepípedos, reúne casas humildes, peixarias e construções históricas – como um engenho antigo, ainda traçado por animais, onde era produzida a famosa rapadura de cana-de-açúcar de Bonsucesso. Elementos que ajudam a contar a história da cidade.