Duas empresas de Luis Antônio Taveira Mendes, filho do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), estão entre os alvos da “Operação Hermes II”, deflagrada pela Polícia Federal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nesta quarta-feira (8). As empresas são investigadas por comércio ilegal mercúrio, usado para extração de ouro na Amazônia. O empresário diz que não atua de forma direta nas empresas.
A Polícia Federal também solicitou a prisão temporária de Luis Antônio, mas a Justiça negou o pedido.
Segundo a investigação, Luis Antônio faria parte de um núcleo formado por 27 compradores “com divisão de tarefas, em uma estrutura ordenada de acordo com a hierarquia estrutural, com a finalidade exclusiva de obter vantagem pessoal decorrente da movimentação dos valores ilícitos oriundos dos crimes ambientais e demais relacionados, sobretudo através de empresas constituídas para este fim e/ou por intermédio de laranjas e sua ocultação através da aquisição de imóveis por meio de suas imobiliárias”.
Ainda conforme as investigações da PF, as empresas Kin Mineração Ltda e Mineração Aricá Ltda têm Luis como sócio. As empresas citadas fizeram compras de mercúrio com emissão de notas fiscais de venda de bolas de aço e de ferro, quando, na verdade, se tratava do mineral, segundo investigadores.
Ainda de acordo com a PF, a Mineração Aricá nunca declarou compra de mercúrio, mas produziu mais de 900 mil gramas de ouro.
Em nota, a defesa de Antônio disse que o empresário não exerce nenhuma atividade de gestão ou tomada de decisão nas empresas investigadas, nem figura de forma direta como sócio.
“O envolvimento do empresário e as medidas cautelares são ilegais e serão questionadas no Tribunal Regional Federal. Inclusive, a Justiça Federal indeferiu de plano, o pedido de prisão temporária solicitado de forma arbitraria pelo delegado da Polícia Federal, por ausência de fundamento jurídico no pedido”, diz em trecho da nota.
Operação Hermes II
Na operação, ‘Operação Hermes II’ deflagrada nesta quarta-feira (8), foram cumpridos 29 mandados em oito cidades de Mato Grosso, sendo em Cuiabá, Poconé, Peixoto de Azevedo, Cáceres, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Nossa Senhora do Livramento e Nova Lacerda.
Durante a operação foram apreendidos 605 kg de mercúrio durante a operação. Além do comércio ilegal, a operação apura crimes ambientais, organização e associação criminosa, receptação, contrabando, falsidade documental e lavagem de dinheiro.
As investigações em torno da operação, foi dividida minuciosamente em seis núcleos, no intuito de revelar as funções e envolvimento de cada empresário alvo da ação, responsável por desarticular a organização criminosa de empresários mato-grossenses acusados da compra e venda de mercúrio ilegal.
As investigações foram divididas em fornecedores, sócios, financiadores, intermediários/comissionados, compradores e operacionais. A substância era fornecida pela empresa Metalms Industrial Brasileira de Metais LTDA., por meio de seus sócios José Carlos Morelli e Ferdinando Morelli.
Ainda conforme os autos, os proprietários da empresa, que tem como sede o estado de São Paulo, tinham total conhecimento da ilicitude da venda do mercúrio, com fraudes documentais e simulações de vendas e documentos.