Luto, Ansiedade e Depressão: A Complexidade do Sofrimento

Dulci Loni

O luto é uma jornada de dor que todos nós enfrentaremos em algum momento de nossas vidas. É um processo de adaptação a uma perda significativa, que pode ser pessoas, cargos, sonhos… e nos abala profundamente. Enquanto o luto é uma experiência universal, suas complexidades e desafios também são inegáveis.

Uma das questões menos discutidas, mas igualmente cruciais, relacionadas ao luto, é a sua ligação com a ansiedade e a depressão. É importante compreender como o luto pode gerar ou agravar essas condições de saúde mental, e o que podemos fazer para apoiar aqueles que enfrentam esse fardo.

Como psicóloga, especialista em ansiedade, devo alertar você de que o luto tem um grande impacto na ansiedade, e isso jamais deve ser subestimado. A incerteza que o luto traz, juntamente com o medo do desconhecido, pode alimentar sentimentos que afetam nossa saúde mental. Perguntas como “Como vou continuar sem essa pessoa?” ou “O que acontecerá a seguir?” podem atormentar a mente daqueles que estão de luto. A ansiedade vai fazer parte da vida de uma pessoa em processo de luto.

O luto em si não é um transtorno mental, é um tempo em que o cérebro está se recuperando da dor intensa provocada pela perda, porém, está buscamdo a homeostase do sistema interno e externo, por isso pode se manifestar de várias maneiras, incluindo ataques de pânico, insônia e preocupações excessivas. Esses sintomas podem ser confundidos com depressao, e em alguns casos podem até evoluir para um quadro depressivo.

Para aqueles que estão sofrendo com essa perda e consequentemente vivenciando a ansiedade de forma mais intensa, meu conselho é aprender a conhecer o botão do “liga e desliga” da ansiedade no seu corpo. A técnica “desligue o botão do pânico” é simples, mas requer paciência. Procure identificar no corpo onde está ativado a sua ansiedade. Qual o nome dessa emoção que você sente? Depois coloque atenção plena nesse sentimento e ouça o que ela está “te dizendo”.

A boa notícia para você é que o próprio cérebro têm os recursos necessários para a auto regulação. Têm a capacidade para se curar, mas procure ajuda de um profissional para te auxiliar nessa trajetória. Amigos, familiares e a sociedade em geral têm um papel fundamental em fornecer apoio também.

O luto é uma jornada única e pessoal para cada indivíduo, e não há uma maneira “certa” de enfrentá-lo. Aqueles que estão de luto não devem hesitar em buscar ajuda.

A terapia pode oferecer ferramentas valiosas para enfrentar a ansiedade e a depressão durante o luto. Atravessar a dor da perda não é uma jornada fácil, mas com compreensão, paciência e ajuda profissional quando necessário, podemos encontrar esperança e cura, mesmo nas sombras da tristeza.

*Dulci Loni é Psicologa e auxilia há mais de 20 anos homens e mulheres a viver uma relação possível e saudável com a ansiedade

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