ALFREDO DA MOTA MENEZES
Poucos dias atrás a direção nacional do PT abriu a porta para o partido se coligar com qualquer outra agremiação na eleição para prefeito em 2024. Fez pequena ressalva de que aquela coligação não poderia ser com gentes ainda muito ligadas ao bolsonarismo. A coligação, como se depreende da decisão partidária, pode ser até com o PL.
Cito o caso para mostrar como é uma balburdia a politica partidária nacional. Na eleição para presidente ficou Lula de um lado pelo PT e Bolsonaro do outro pelo PL. Ajudaram a eleger muitos parlamentares.
Esperava-se que fossem formadas duas alas na politica brasileira: uma com o PT como representante maior e com coligações com partidos mais a esquerda. E o outro lado com o PL como principal representante da direita politica nacional.
Uma novidade interessante, se ocorresse, ter dois partidos representando os lados próprios do jogo partidário. Mas, mostram os fatos, que não será bem assim. É todo mundo coligando com todo mundo em eleições e não se cria a cara correta dos lados da politica.
Não era assim tempos atrás. Existia no país partidos, como UDN, com tendência mais para a direita e o PSD, um pouquinho mais para centro esquerda. Além do PTB, este em tese com a esquerda. Partidos comunistas ou até mesmo socialistas não tinham vez na politica daquele momento.
A disputa entre UDN e PSD era a tônica eleitoral maior nos mais diversos níveis pelo país. Não havia nunca a possibilidade da UDN se coligar com o PSD ou vice versa. Cada um no seu quadrado pelo país afora. MT era uma amostra desses dois lados, disputavam prefeituras, elegiam vereadores e outros candidatos, todos dentro do mesmo partido e grupo politico.
Foi uma péssima decisão aquela dos militares no poder em acabar com essas siglas que já estavam arraigadas na politica brasileira em todos os lugares. Criaram a Arena e o MDB. Na Arena se encaixaram os da UDN e do PSD.
A coisa entre esses partidos era tensa e ai se cria dentro do partido governista: a Arena 1, com presença dos egressos da UDN e a Arena 2 com os do PSD. Até dentro de um mesmo partido os lados se dividiam.
Mais tarde, para completar o serviço ruim criado pelo governo militar, quando o MDB foi crescendo mais que a Arena, os militares abriram a porta para se criar quantos partidos se quisesse para enfraquecer o MDB e a oposição. É a farra partidária que temos hoje.
Permite-se tudo, até mesmo o PT se coligar com o PL e vice versa. Esse cipoal partidário no país e seus desdobramentos talvez seja um caso único no mundo.
Como imaginar, na Inglaterra, que o partido Trabalhista vá se coligar com o Conservador numa eleição. Impossível, um tem uma ideologia e conteúdo programático diferente do outro, como no caso do PT e do PL, e o eleitor não aceitaria isso nunca. Aqui PT e PL e qualquer partido podem andar juntos e fica tudo por isso mesmo.
Alfredo da Mota Menezes – é analista político.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site Cuiabá Notícias.