Maria Augusta Ribeiro
O século XXI trouxe avanços tecnológicos incríveis, impulsionando uma revolução digital que transformou a maneira como interagimos, aprendemos e nos comunicamos. No entanto, junto com os benefícios dessa era digital, surgiram desafios preocupantes, como o hiperconsumo, aumento das taxas de suicídio e o vício em telas.
A dependência tecnológica, ocorre quando indivíduos desenvolvem um padrão de uso compulsivo e excessivo de dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores.
Essa dependência afeta negativamente diversos aspectos da vida, incluindo relacionamentos, trabalho, estudos e principalmente a saúde mental.
Incluído no CID11, o livro da Organização Mundial de Saude, a dependência tecnológica é classificada como doença e afeta muito os jovens e crianças.
Pesquisas indicam que o vício em telas está associado a uma série de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e solidão e vice-versa.
O uso excessivo dessas tecnologias pode levar a sentimentos de isolamento social, uma vez que as interações face a face são substituídas por comunicações virtuais. Além disso, a exposição constante a imagens idealizadas nas mídias sociais pode gerar sentimentos de inadequação e baixa autoestima, contribuindo para agravar os problemas de saúde mental.
A Relação Entre Vício em Telas e Suicídio
Há muitas pesquisas cientificas em andamento sobre o tema, mas há evidências que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos aumenta o risco de pensamentos e comportamentos suicidas, especialmente entre os jovens.
O vício em telas pode levar ao isolamento social, reduzindo o contato humano significativo. A solidão resultante pode intensificar os sentimentos de desesperança e desamparo, fatores que contribuem para o risco de suicídio.
Outro fator preocupante é o cyberbullying, as vítimas de abuso enfrentam um maior risco de depressão e ansiedade, aumentando assim a probabilidade de desenvolver automutilação e pensamentos suicidas.
A internet proporciona acesso a uma ampla gama de informações, incluindo conteúdo perturbador e explícito. A exposição a esse tipo de conteúdo pode traumatizar os indivíduos e aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental.
As redes sociais muitas vezes promovem uma cultura de comparação, levando os indivíduos a se compararem constantemente com os outros. Isso pode resulta em sentimentos de inadequação e insatisfação com a própria vida, o que, por sua vez, pode contribuir para a depressão e o suicídio.
Nossa que conteúdo pesado né belicosa? E necessária, como podemos ampliar nossa consciência e ajudar o próximo com tanta informação?
Para abordar a complexa interação entre o vício em telas e o suicídio, é necessário adotar uma abordagem abrangente que envolva indivíduos, famílias, escolas, comunidades e governos. Algumas estratégias eficazes incluem:
Conscientização e Educação: Educar as pessoas sobre os riscos associados ao vício em telas e ao suicídio é fundamental. Isso pode ser realizado por meio de campanhas de conscientização, palestras em escolas. No Brasil temos o Reconecta um programa de Detox digital do governo federal além de inúmeros profissionais atuantes nessa área.
Limites de Tempo de Tela: Estabelecer limites saudáveis para o tempo de tela, tanto para crianças quanto para adultos, é crucial. Isso pode ajudar a evitar o uso excessivo e permitir o desenvolvimento de outras atividades importantes.
Promoção de Habilidades de Enfrentamento: Ensinar habilidades de enfrentamento saudáveis pode ajudar os indivíduos a lidar com o estresse, a ansiedade e outros desafios emocionais sem recorrer ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Um exemplo é o contato com a natureza.
Apoio Psicológico: Disponibilizar serviços de saúde mental acessíveis é essencial. Oferecer aconselhamento e terapia para indivíduos que lutam com o vício em telas e questões relacionadas ao suicídio pode salvar vidas.
A conscientização, a educação e as estratégias de prevenção são vitais para abordar essas questões e mitigar seus efeitos prejudiciais. Como sociedade, é nosso dever buscar um equilíbrio saudável entre a tecnologia e o bem-estar mental, garantindo que a revolução digital não venha à custa da saúde mental e emocional das novas gerações.
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site Cuiabá Notícias.