Custo ainda elevado leva produtor de soja em MT a ter cautela com a safra 2023/24

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

O custo médio para plantar um hectare de soja em Mato Grosso na temporada 2023/24 está estimado em R$ 4.178, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Apesar do valor ser 15% menor que o verificado na safra 2022/23, o montante supera em mais de 42% o contabilizado no ciclo 2021/22 e em 74% o 2020/21. Os custos elevados e a escolha da semente a ser utilizada na lavoura são considerados os grandes desafios na tentativa de garantir rentabilidade no campo.

O sinal verde para as máquinas entrarem em campo para o plantio da soja 2023/24 está próximo. A partir de 16 de setembro a semeadura está liberada em Mato Grosso e as projeções, conforme o Imea, apontam para uma área de 12,12 milhões de hectares.

Na propriedade de Valcir Strapasson, no município de Vera, a colheita de milho foi concluída e as atenções começam a se voltar para a soja. O agricultor pretende reduzir o investimento no cultivo da oleaginosa, que deve ocupar 1,3 mil hectares.

“Ao invés de três fungicidas, vão só dois. Porque do jeito que está não fecham os custos. Se colocar os fungicidas como vínhamos nos outros anos a adubação de 120 pontos de fósforo, 120 de potássio, o custo dá 60 sacas. Quando você soma junto o operacional, o juro do banco, nós poderíamos pagar juros quando a soja estava R$ 150 a saca. Hoje, se nós vamos pleitear um custeio no banco, no juro que estão oferecendo de 12%, 14% ao ano, dependendo da situação, não fecham as contas”.

O custo estimado para plantar um hectare de R$ 4.178 inclui os gastos com sementes, fertilizantes, defensivos, operações mecanizadas e mão de obra. E, apesar de estar 15% menor em relação a temporada 2022/23, ainda exige cautela por parte dos produtores ao se comparar com os ciclos 2021/22 e 2020/21, como frisa o presidente do Sindicato Rural de Vera, Rafael Bilibio.

Presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, salienta que o momento é de olhar para o mercado.

“Temos que pensar agora no mercado. Será que vale a pena fazer expansão de áreas? Será que vai valer a pena fazer um investimento para produzir mais, sabendo que os custos estão altos em relação aos preços de mercado? Então, tem que se fazer uma análise”.

Em uma temporada que já começa com preocupação, o olhar para um dos principais insumos da lavoura também ficou mais criterioso, segundo o setor produtivo da oleaginosa. A semente, comenta o produtor Valcir Strapasson, ainda está cara. Contudo o agricultor de Vera reforça que a qualidade do produto é a peça-chave para uma boa safra.

“Tem que baixar uns 30%, 40% do jeito que baixou o preço da soja. A soja de R$ 150, hoje está R$ 100, R$ 110. A semente está o mesmo preço do ano passado. A semente tem que ser boa para garantir pelo menos em parte”.

Para atestar a qualidade do insumo que irá para campo, agricultores e empresas (revendas e sementeiras) estão recorrendo à laboratórios para a realização de testes de germinação e vigor.

Proprietária do Laboratório Agrosolos, em Nova Mutum, Natalia Casadei Crespo, comenta que nos últimos seis meses mais de 500 amostras de sementes foram analisadas no local. O volume é 50% maior que o analisado no mesmo período o ano passado.

“No início recebíamos muitos pedidos de análise de semente de produtor que teve problema, para ver se os resultados de laboratório eram compatíveis com o que ocorreu em campo. Nos últimos anos o produtor vem trazendo o lote de sementes que recebeu para avaliar antes do plantio. Com isso, nós vimos um outro cenário desde o ano passado que é uma preocupação das revendas e dos representantes de sementes em entregar uma semente com um lote de qualidade comprovada”.

Do Canal Rural 

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