O Projeto Escola Oficina Solar, aprovado em edital do Programa REM MT, vai capacitar 30 lideranças indígenas para instalação e manutenção de placas solares em suas terras em Mato Grosso.
A capacitação, em forma de oficina, é uma iniciativa do Instituto I9Sol, em parceria com o REM MT e Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT). A oficina será realizada no departamento de eletrônica e eletrotécnica, do IFMT contemplando cinco etnias: Bakairi, Xavante, Yawalapiti, Wauja e Guató.
O objetivo do projeto é capacitar diversas comunidades indígenas de Mato Grosso, para que elas dominem conhecimentos, produzam e mantenham painéis para a geração de energia solar para satisfazer as demandas críticas de suas regiões.
O presidente do Instituto Yukamaniru de Apoio às Mulheres Indígenas Bakairi, Darlene Taukane aponta que o curso surgiu para atender a enorme necessidade e reivindicação de povos indígenas pelo acesso básico à rede de distribuição de energia.
“Há muito tempo que os povos que não foram contemplados com a energia vivem almejando a eletricidade, principalmente para a comunicação, para saúde, poder se comunicar com suas famílias, com o mundo, as cidades e aldeias. Então, fomos procurados pela etnia Yawalapiti, que perguntou se a gente conhecia uma instituição que comprava placas solares. Pensamos que era uma oportunidade de levar esse sonho pra outras aldeias”, explica Darlene.
A falta de eletricidade e distribuição de energia adequada afetam o funcionamento básico da saúde nas aldeias. A presidente da Organização de Mulheres Indígenas de Mato Grosso (Takiná), Alessandra Guató, comenta que “mesmo morando no Pantanal, isso é muito importante, porque meu povo não se organiza em aldeias nucleares, são pequenos aterros. Então, esses dois sistemas de bombeamento de água vão contemplar o posto de saúde, que não tem sistema de saneamento na verdade, não tem água encanada”.
Outro ponto importante da capacitação é levar autonomia e independência aos indígenas. O indígena Idelson Xavante conta que uma placa solar de uma aldeia próxima a sua estragou e a comunidade teve dificuldade para arrumá-la.
“Tem uma aldeia que parou de funcionar a placa solar, e fomos consertar esse problema. Agora a água potável (bombeada do rio) está funcionando bem com a placa solar. Isso é muito importante pra gente, ter saúde”, reflete Idelson.
Marcelo Guerreiro