Ex-chefe de gabinete confirma repasse de VI para e revela que marido de Edna era “administrador”

A ex-chefe de gabinete da vereadora Edna Sampaio (PT), Laura Natasha, prestou depoimento na tarde desta quinta-feira (22) na Comissão de Ética da Câmara Municipal. Laura afirmou que nos quatro meses em que foi servidora comissionada da Câmara Municipal repassou integralmente os R$ 5 mil da verba indenizatória (VI) que tinha direito para uma conta em nome da petista. 

Além disso, Laura apontou o esposo de Edna, William Sampaio, como o “administrador” da verba indenizatória (VI) junto com a parlamentar. Ela revelou ainda que os relatórios de uso da VI, tanto dela quanto de Edna, eram padronizados, já que, em momento algum, teve acesso aos comprovantes de despesas

“Era uma coisa padronizada. Não apresentava nota fiscal de nada, nem comprovante. Não tinha acesso a nada de pagamento ou prestação de contas. O tempo que fiquei lá nem a conta bancária, nem a prestação. Tinha acesso, às vezes, ao cartão de crédito, que era utilizado para carregar o cartão transporte dos servidores, para comprar um mouse, caneta, desinfetante para o banheiro”, afirmou Laura.

A afirmação da ex-chefe de gabinete derruba a tese defendida por Edna, que nega o desvio de finalidade da VI da. Além disso, Laura alega que, diferente dos demais vereadores, ela produz um relatório mensal com todos os gastos do gabinete, que são custeados com as verbas indenizatórias.

Ainda no depoimento, Laura relatou que o repasse da VI da chefe de gabinete para a conta de Edna é prática comum e que, como não tinha experiência com o cargo, acreditou não estar cometendo uma irregularidade. Ela relatou ser servidora efetiva do município e ter sido chamada por Edna para trabalhar com ela, no lugar da ex-chefe de gabinete, que havia pedido exoneração. 

Laura contou que por ser inexperiente, a sua antecessora ficou alguns dias passando todos os detalhes do cargo e o que era preciso ser feito. De acordo com Laura, quando foi contratada, Edna não relatou sobre a VI, apenas o salário de R$ 7 mil. 

“Quando fui nomeada, na entrega da documentação, pegaram minha conta bancária. A ex-chefe de gabinete me ensinou a fazer relatórios de gastos, tanto da VI do vereador quanto do chefe de gabinete. Achava que aquela VI era destinada para o gabinete e só caia na minha conta por eu ser a chefe, para que eu pudesse administrar. Não sabia a real finalidade dessa VI, até porque, lá no gabinete, eles tratavam, o tempo todo, como VI do gabinete. Em nenhum momento falaram que era VI do chefe de gabinete, uma ajuda de custo para custear os gastos”, contou.

“Em nenhum momento foi explicado isso para mim. Com minha falta de experiência, foi nisso que acreditei, pois fui orientada dessa forma”, reforçou.

Ainda conforme Laura, a sua antecessora explicou que a VI que cairia na sua conta deveria ser repassada ao marido de Edna, Willian Sampaio, que era contador e administrava a questão financeira do gabinete, junto com a petista. 

“Eu não questionei, pois era funcionária nova e não conhecia nada. Quem me orientou foi a ex- chefe de gabinete, Sabrina. Disse que era para repassar o valor, pois era um recurso do gabinete. Quem me cobrava todos os meses, por WhatsApp, era o Willian. Me mandava mensagem: ‘Laura, já caiu a VI do gabinete?’, ‘Laura, você já transferiu a VI do gabinete, precisamos fazer os pagamentos?’. E eu transferia todos os meses na conta da Edna”, afirmou.

Laura reforçou também que nunca teve acesso a tal conta e que apenas transferia o dinheiro que caía em seu nome, pois era essa a orientação.

“Tinham os gastos do gabinete, material de escritório, rede de telefonia e internet. Mas, eu não tinha acesso. Nunca tive acesso a todos os gastos com o recurso dessa VI. Quem fazia a gestão desse dinheiro era ela e o marido, Willian. Eu dizia apenas o que precisava comprar. Ela tinha um cartão da VI, do Banco do Brasil, e dava para um servidor, que fazia a compra. Já fui ao mercado comprar algumas coisas”, pontuou. 

A Comissão de Ética é presidida pelo vereador Rodrigo de Arruda e Sá (Cidadania), tendo Kássio Coelho (Patriota) como relator e Wilson Kero Kero (Podemos) como membro.

Durante a oitiva, o presidente questionou Lauro sobre conflito de datas nos relatórios mensais de atividades, em que a chefe de gabinete prestava contas dos gastos custeados com a VI. 

Em um dos casos, o documento foi feito dia 21 de outubro de 2022, mas a assinatura digital da vereadora do termo foi 21 de junho de 2022. A ex-chefe de gabinete disse que ela mesma fazia a assinatura digital da petista, mas que não se lembra do motivo da incoerência das datas. 

Questionada sobre as denúncias na imprensa, em que é cobrada pelo WhatsApp a repassar a VI para a conta de Edna, a ex-chefe de gabinete contou que quando deixou a Câmara, ainda não tinha conhecimento sobre a finalidade da verba.

“Quando vi a primeira matéria no RD News, dizendo que eu ganhava R$ 7 mil de salário e R$ 5 mil de VI, achei estranho, pois não ficava com o dinheiro da verba. Entrei em contato com uma pessoa dentro do PT, da qual sou filiada há mais de dez anos. Essa pessoa já trabalhou com outros políticos, em gabinetes. Mandei os prints e extratos, explicando o que estava acontecendo”, disse Laura.

“Não sei se foi essa pessoa diretamente que levou isso para a imprensa, ou se ela mostrou pra alguém, ou pegaram o celular dela. Mas, compartilhei apenas com essa pessoa”, conclui. 

Laura negou ainda ter sido ameaçada ou coagida para que não prestasse depoimento. 

“Quando me dispus a vir aqui, vim de peito aberto para falar a verdade. Em nenhum momento fui coagida pela Edna ou por alguém que trabalha com ela. Não fui orientada sobre o que devo ou não falar. Não tenho mais contato com a Edna, nem com ninguém que trabalha com ela”, pontuou. 

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