Alguns leitores têm reclamado dos meus últimos artigos, sob a alegação que eles estão muito deprês. Às vezes, eu procuro temas espinhosos sobre os quais boa parte dos articulistas se recusam a abordar, como o abandono, a miséria, os preconceitos, as desigualdades, a velhice e seus percalços.
Ressalto que as abordagens, em que pese, às vezes, estarem na primeira pessoa do singular, não tratam, necessariamente, de atitudes, problemas ou males pessoais do autor, mas de muitas pessoas que estão a sua volta. A tendência é ver o texto como um retrato do autor ou de sua opinião, o que pode ser uma ou meia verdade, mas, também, um redundante equívoco.
Vou me remir da escuridão e vamos à luz! Eu sou do signo de aquário que transita entre dois polos da existência, com a mesma desenvoltura, mas, também, sou do signo de dragão, no horoscopo chinês, que é o signo da energia e da força. Vou, às vezes, ao inferno com os meus textos, mas me redimo voltando ao Paraiso.
A você que se recusa a acreditar na influência dos astros, eu vou lhe dizer que creio em evidências, ressaltando que existem mais coisas e mistérios entre o céu a terra que a nossa vã filosofia!
Lá fui eu me enveredando por outro caminho que não o proposto no texto. Meus caros leitores, ele é para descrever sobre o otimismo. Portanto, vamos a esta proposição para não aumentar a expectativa e perder mais tempo.
Uma amiga minha com pouco mais de 50 anos, se diz, entre outras coisas, que se aposentará dentro de poucos anos. Afirma que está cansada e que não quer mais saber mais de nada, a não ser de se alienar.
Esta, normalmente, é a desculpa das pessoas quando querem abandonar a ribalta. Entretanto, o que seria da vida sem luta, sem vitórias, sem fracassos, sem choros, sem sorrisos, sem cansaço, sem obstáculos, sem objetivos e sem os percalços da existência.
Termina-se uma batalha é preciso começar outra, sob pena, de ente outros dissabores, se tornar uma alma penada, com o dia para rir e a noite para dormir, se é que consegue, pois não há descanso a ser compensado, já que não fez nada durante o dia.
A vida é um moto contínuo que precisa gastar energia até o último suspiro, sob pena de levar a inércia, ao enfado e a chatice de um disco furado. E a reclamação, contra os inativos e mais velhos, é de que eles vivem se repetindo, contando estórias já contadas que ninguém que saber.
Você que está aí, focando e de guardião do passado, procure alguma coisa para fazer. Torne a sua inatividade em atividade. Comece um novo projeto, vá enfrentar novos desafios e descortinar novos horizontes, pois viver é sinônimo de energia e de luta. Desapegue da inércia e do passado, ressurja das cinzas, faça um recomeço e um novo futuro, pois a vida é dura para quem é mole!
Enfim, vá atrás do trio elétrico –
“Só não vai quem já morreu
Quem já botou pra rachar
Aprendeu, que é do outro lado
Do lado de lá do lado
Que é lá do lado de lá..”
E não queira saber se o diabo nasceu foi na Bahia….. (Caetano Veloso).
Renato Gomes Nery – é advogado.