No dia 1º de maio é celebrado uma data muito importante, o dia do trabalhador. Resolvi escrever este arquivo como uma provocação para todos nós cidadãos. Na mentalidade de grande parte das pessoas, quando se fala em trabalhador, está se falando apenas de pessoas que prestam serviços dentro de instituições, empresas, ou serviços de outras naturezas, mas pouco se observa que pessoas que possuem cargos eletivos, os políticos, também são trabalhadores.
Na verdade, o vereador, deputado, prefeito, enfim, são os servidores que estão em primeira instância. O trabalhador de uma empresa vai servir dentro da empresa, ao cargo dele, que é ligado a um número limitado de pessoas. Agora, quando você fala no trabalhador público, a sua abrangência de atuação é muito maior, suas responsabilidades e atitudes refletem diretamente na sociedade.
O mais interessante é a inversão de valores. Quando um trabalhador de uma empresa, por exemplo, toma uma atitude errada, ele pode ser mandado embora ou ser encaminhado para uma qualificação, agora quando um trabalhador político erra, o que fazemos? As falhas estão ali, muitas vezes visíveis, e nós, o que estamos fazendo?
Na minha forma de entender, nós, a população, somos chefes, patrões, ou como quiser dizer, desses trabalhadores eleitos, afinal, eles estão recebendo o salário que a população paga. É aí que se observa a inversão total em que vivemos, nós pagamos o salário, mas ao mesmo tempo somos nós que sofremos a consequência pela falta de responsabilidade do trabalho que eles fazem.
A impressão que dá é que os políticos que mandam e nós que temos que obedecer, ou que se sujeitar ou mesmo suportar. No dia do trabalhador o discurso não pode ser somente presentinhos, festa e churrasco. Acredito que essa data é muito mais que isso, nós temos que exigir desses nossos trabalhadores que estão na ponta, que são os primeiros que conduzem muitas pessoas, que eles sejam bons funcionários, bons trabalhadores, porque a população espera isso, eu espero isso.
Na minha visão, a primeira missão de um político é ouvir a população. O caminho para qualquer atuação deve ser esse, saber qual a necessidade e atender, primeiramente, a pirâmide da necessidade básica e não a que o trabalhador eleito gostaria. Muitas pautas poderiam ser resolvidas de formas simples, mas o que se vê é o político trabalhando no contrário do que é preciso. Sigo com uma pergunta: tantas obras, mas, está se ouvindo essa população?
Quando eu trabalhei na gestão pública, em um cargo na pasta de Cultura, primeiro eu formei uma equipe e disse: “Nós precisamos entender, ver e verificar qual é a necessidade, porque não é o que eu quero fazer, é qual a necessidade do povo dentro dessa área”. Então começamos com levantamento, ouvindo as demandas que as pessoas traziam, e com isso foi possível planejar e ver o que podíamos fazer. Muitas vezes não é cabível atender todas as necessidades, mas é preciso dar um retorno, um impulso, afinal o trabalhador eleito pode até colaborar de alguma maneira.
Se a função do político eleito é ser o trabalhador do povo, é imprescindível ouvir o que o povo está querendo dizer e não oferecer ações que dão visibilidade (apenas), mas que não atendem em nada a população. Por isso, o trabalhador eleito deve, quando assume o cargo, pensar no que os cidadãos precisam, e quando eles precisam, afinal, a estrutura social muda diariamente.
Aqui eu faço a minha indagação, quantos dos nossos vereadores, deputados e até dos nossos prefeitos, param para fazer um planejamento pensando no todo? Porque eles dizem que tem o planejamento de campanha, só que o planejamento para uma atuação deve ser constante, de preferência semanal. Tal como uma empresa precisa evoluir por meio dos trabalhadores, devemos cobrar dos políticos uma constante evolução e atualização.
Deixo como mensagem, que a população acorde para entender que os nossos políticos são trabalhadores também, e nós precisamos “chegar junto” para exigir, não favores, exigir direitos, direitos de quem paga esse funcionário e ele precisa sim, como trabalhador, também dar uma devolutiva positiva.
(*) SONIA MAZETTO é Presidente fundadora da BPW Várzea Grande e Coordenadora da região Centro Oeste da BPW Brasil, Presidente do Sindicato dos Terapeutas de Mato Grosso (Sinter-MT) e Gestora de Potencial Humano