Mirian Ribeiro, especial para o CN
No Brasil existe 305 etnias indígenas, cada uma com sua língua materna e cultura (danças, músicas e crença). As etnias não são iguais. Só aqui em Mato Grosso há 42 povos indígenas.
O indígena é a raiz do Brasil e é um dos grupos mais negligenciados pela sociedade. Ao longo dos anos as terras tem sofrido constante invasões, usurpando, contaminando e desmatando os meios naturais. Um exemplo triste e recente, que aconteceu este ano, foi a violação dos direitos dos Yanomamis. Cerca de 20 mil garimpeiros foram encontrados na Terra Indígena Yanomami.
Uma das consequência devastadoras da invasão dos garimpeiros na Terra Yanomami, são as águas contaminadas, o recurso mais importante para viver. Vários indígenas, dos mais jovens ao mais velhos, foram encontrados em situação de desnutrição, doentes por ingerirem água contaminada e grávidas por consequência dos estupros. O caso da invasão dos garimpeiros é um dos milhares que não são conhecidos pela sociedade, mas que, infelizmente, acontecem.
O Cuiabá Notícias entrevistou Eliane Xunakalo, indígena bakairi e, atualmente, presidente da FEPOIMT (Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso), a organização tem o intuito de defender os direitos dos indígenas de Mato Grosso em diversas frentes e projetos.
Ela falou sobre os desafios dos povos indígenas no Brasil e contou um pouco sobre a sua história, da aldeia para a universidade. Hoje é uma advogada e é uma importante voz para o seu povo e tantas outras etnias.
“Ser indígena é a nossa essência enquanto pessoa, que está inserida dentro da cultura de um povo. Nós temos que comemorar a nossa resistência e sobrevivência. Me sinto violada, desrespeitada, pois o que reivindicamos são simples direitos que podem ser implementados. Mas, por inúmeros fatores, não são prioridades”, disse.
A vontade de aprender foi o que a impulsionou à cursar Direito, ter conhecimento para lutar pela coletividade, para entender como funcionam as leis para garantir os direitos dos indígenas.
Eliane ainda ressaltou que o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) é a esperança para dias melhores.
O CN ainda entrevistou o índio, Glênio Marquês Ricardo Dos Santos, 21 anos, da etnia bakairi. Glênio enfatizou que ser indígena é profundo, é ter um idioma único que o faz se sentir parte de uma cultura que existe há muitos anos.
Para ele, o indígena está nas aldeias, mas também está nas universidades, nas escolas, na política, o indígena vive!