Depois de conquistar seu oitavo título pelo Palmeiras, ao golear o Água Santa por 4 a 0 na final do Paulistão, Abel Ferreira abriu o jogo sobre seu futuro no clube. O treinador é claro ao afirmar que ele e sua comissão querem continuar no Verdão, mas também faz questão de explicar o que pode fazer isso mudar.
– Eles (auxiliares) não querem sair daqui (risos). Nós somos o time do amor, o time da virada. Já disse que sou um treinador que gosta de estar onde querem que eu esteja – disse Abel, que continuou a resposta falando sobre sua família e também de propostas recebidas para deixar o clube.
– Eu disse (ao Galiotte, antes da primeira Libertadores): “Esse é o clube dos sonhos de qualquer treinador. Só tem um defeito, que é um oceano no meio, dez horas de distância da minha família e meus pais”. De resto é um clube top. Sei como funciona se não ganhar, igual para todos os treinadores. Mas como eu disse, gostamos muito de estar aqui. O clube sabe, já várias propostas chegaram. Eu digo que não quero que me liguem, sabem que eu tenho um plano para mim. O futebol é dinâmico. Tenho minha família aqui. Tenho que pensar no todo, não posso ser egoísta. O próximo passo tem que ser muito bem pensado.
– Mas não percam tempo nisso, estamos bem aqui. É um orgulho fazer parte desse clube. Mesmo que a imprensa aqui seja muito exigente e dura… Não só comigo. Eu tenho ganhado e vão me engolindo. Sei que quando não ganhar, vão disparar as flechas. Faz parte do futebol. Mas aqui dentro, o clube dá todas as condições para podermos trabalhar. Às vezes há jogos e decisões que não vamos agradar a todos, mas o clube tem presente e futuro. Já ganhamos dois títulos (em 2023). Quanto mais ganhamos, mais expectativa criamos. Não sei quanto tempo mais isso vai dar, quanta gasolina meus jogadores ainda têm para continuar com esse desejo – afirmou o português.
Foto: Marcos Ribolli
Esse próximo citado por Abel Ferreira passo não é em breve. Isso porque o contrato do treinador com o Palmeiras vai até dezembro de 2024. E a vontade do treinador é cumprir seu vínculo. Mas até lá, os cabelos brancos do treinador português vão aumentando. Na entrevista coletiva, ele brincou com isso e até citou um problema de saúde:
– A minha mulher me diz que estou com menos cabelo, mais barba branca, não sei se ela vai deixar muito mais. Fiz um exame, tive arritmia cardíaca, nunca tive. Ela fala, não sei se é o Palmeiras ou é você.
– O futebol aqui tem coisas fantásticas, mas outras desumanas. Nove jogos em um mês – declarou Abel Ferreira.
Uma das principais reclamações de Abel Ferreira desde a sua chegada ao país é a quantidade de jogos em sequência. Após a Supercopa e o Paulistão, o Verdão terá Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro para disputar até o fim da temporada.
– O treinador do United se queixa do Rashford, que se magoou pela sequência. Queria falar para ele: “Vou ter nove jogos em um mês, cala-te”. Me perdoem, mas temos que reduzir o número de jogos. Quem está sentado lá tem, de uma vez por todas, humanizar isso.
Foto: Marcos Ribolli
No dia 2 deste mês, o Palmeiras foi até Barueri enfrentar o Água Santa na primeira final. No dia 5, viajou até a Bolívia na estreia da Libertadores. Neste domingo, conquistou o Paulistão.
Agora, a sequência guarda mais seis jogos em abril para o Verdão, sendo dois pela Copa do Brasil, um pela Libertadores e um clássico com o Corinthians, pelo Brasileirão.
– O dinheiro não é tudo. É possível também fazer mais dinheiro com menos jogos. Se o produto for bom, as pessoas pagam por ele, mesmo tendo menos. Não sei o que vai acontecer, não sei mesmo. Sei que hoje fiquei sem o Veiga, e vamos ver. É desumano. Até o dia que eu me cansar, vou embora.
Globo Esporte