Burnout feminino e a tripla jornada
Jacqueline Cândido de Souza Um desafio invisível da mulher e as suas consequências A tripla jornada da mulher, que abrange responsabilidades profissionais, domésticas e familiares, contribui de maneira significativa para o aumento dos casos de burnout. Esse esgotamento físico e emocional, provocado pelo estresse crônico, é intensificado pela sobrecarga de tarefas e pela falta de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. De acordo com o Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout é um transtorno emocional resultante de condições de trabalho desgastantes, que exigem alta competitividade ou grande responsabilidade. Em outras palavras, a origem da condição é o estresse e a pressão gerados no ambiente profissional. No Brasil, 72% dos cidadãos enfrentam alguma sequela do estresse, com 32% lidando com burnout, conforme dados da International Stress Management Association (ISMA-BR). Além disso, um estudo mais recente realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 45% das mulheres brasileiras relatam sintomas de burnout, um aumento significativo em comparação aos anos anteriores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que as mulheres têm 50% mais chances de sofrer de burnout do que os homens. A International Labour Organization (ILO) revelou que 48% das mulheres se sentem exaustas devido à combinação de responsabilidades, em comparação com 40% dos homens. Historicamente, o trabalho doméstico e o cuidado com a família sempre foram considerados deveres primários das mulheres. Além disso, diversos fatores contribuem para o burnout entre mulheres, como a sobrecarga de trabalho, a desigualdade de gênero, disparidade salarial e falta de reconhecimento. Aliado a isso, o assédio moral no ambiente de trabalho intensifica o estresse, afetando a autoestima e a saúde mental. Questões raciais e socioeconômicas complicam ainda mais a situação. Mulheres negras e de baixa renda enfrentam discriminação racial e acesso limitado a recursos, sendo quase duas vezes mais propensas a relatar dificuldades em equilibrar responsabilidades profissionais e pessoais em comparação às mulheres brancas. A falta de acesso a cuidados de saúde de qualidade e suporte psicológico torna mais difícil a recuperação e a prevenção do burnout. A invisibilidade do burnout feminino é agravada por normas sociais que glorificam a “supermulher”, capaz de lidar com todas as demandas sem falhar. Essa expectativa social, muitas vezes internalizada, impede muitas mulheres de reconhecerem os sinais de exaustão e de buscarem ajuda. Além disso, a carência de políticas públicas e práticas empresariais que reconheçam e abordem essa tripla jornada perpetua o problema. O burnout tem sérias consequências para a saúde das mulheres, impactando suas carreiras e relações pessoais. O efeito vai além da saúde mental, afetando também a saúde física. Entre os problemas físicos mais comuns associados ao burnout estão: distúrbios do sono, como insônia, que prejudicam a capacidade de recuperação física e mental; problemas cardiovasculares, como hipertensão e risco aumentado de doenças cardíacas; enfraquecimento do sistema imunológico, tornando o corpo mais vulnerável a infecções e doenças; distúrbios gastrointestinais, como úlceras e síndrome do intestino irritável; e tensões musculares e dores crônicas, especialmente nas costas, ombros e pescoço. Para mitigar o impacto do burnout, é essencial promover o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal; redistribuir as tarefas domésticas, incentivando a divisão equitativa das responsabilidades entre todos os membros da família, desafiando normas de gênero tradicionais; oferecer suporte psicossocial, facilitando o acesso a serviços de saúde mental e programas de apoio para ajudar as mulheres a lidar com o estresse e a carga emocional; promover a educação e conscientização, através de campanhas para alertar sobre os sintomas de burnout e a importância do autocuidado, desmistificando a ideia da “supermulher”; e desenvolver políticas públicas de suporte que reconheçam e apoiem as necessidades das mulheres em situações de tripla jornada, incluindo licença parental e cuidados infantis acessíveis. O burnout feminino é uma realidade silenciosa que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Ao trazer à luz as causas e consequências dessa condição, podemos começar a construir um ambiente mais inclusivo e solidário, onde a saúde mental de todos é uma prioridade. A visibilidade é o primeiro passo para a mudança, e reconhecer o burnout feminino é crucial para criar espaços de trabalho e comunidades mais saudáveis e justas. Jacqueline Cândido de Souza é advogada e servidora pública. Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Cuiabá Notícias.
TCE recomenda unificação dos seis lotes na Sinfra, audiências públicas antes de concessões e licitação para empresa fiscalizadora
O conselheiro-presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), Sérgio Ricardo, recomendou ao Governo do Estado que unifique a coordenação e licitação dos seis lotes previstos para concessão das rodovias MT-020, MT-170, MT-140 e MT-010 na Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT). A medida garante mais concorrência na iniciativa privada, uma vez que o atual planejamento do Executivo restringe dois lotes à MTPar. O presidente enfatizou a importância do cumprimento de todos os parâmetros estabelecidos na Resolução Normativa 10/2020 e 04/2024 do TCE-MT, destacando os prazos e a necessidade de realização de audiências públicas. “A Sinfra já realizou os estudos para a entrega de quatro lotes à iniciativa privada e o mesmo deve ser feito com os lotes reservados à MTPar, que também poderá concorrer nos outros quatro. A ideia é ampliar ao máximo a concorrência. Com isso, virão empresas do mundo inteiro com expertise e experiência. Acredito que assim a população será muito mais bem servida”, defendeu o presidente. Conforme anunciado na terça-feira (30), o Tribunal está analisando todas as concessões estaduais, com o objetivo de fiscalizar a eficiência dos serviços e o cumprimento dos contratos já existentes, além da viabilidade técnico-jurídica de acordos futuros já previstos. “Entregamos à Sinfra uma cópia da resolução 10/2020, que é a bíblia das concessões. Também encaminhei ofício com 18 solicitações à Sinfra e à Ager para que nos informem como estão as concessões que já foram feitas, com resultados, investimentos, reclamações e como é a que população está analisando isso”, pontuou Sérgio Ricardo. Com relação à realização de audiências públicas, o conselheiro-presidente explicou que esta é uma ação crucial. “Não se pode construir uma obra sem ouvir as pessoas que estão ao redor dessa obra”, salientou, chamando a atenção ainda para questões voltadas à fiscalização, à qualidade das rodovias e aos valores dos pedágios. “O sistema não pode ser devorador de pedágio. O cidadão já tem direito à estrada e já pagou por ela. Não se pode ainda penalizar o sujeito com altos valores por uma estrada que ele já pagou”, acrescentou. Foi o que também reforçou o vice-presidente do TCE-MT, conselheiro Guilherme Antonio Maluf. “Entendemos que o Estado quer entregar o que há de mais moderno, mas obviamente que nós temos que tomar todos os cuidados, porque a população não pode ser penalizada. Por isso, a questão das audiências públicas é muito importante. Existem processos que não podem ser atropelados. Então, o tribunal vai se dedicar bastante a todas essas questões para que possamos entregar um bom serviço à sociedade.” Segundo o secretário-adjunto de logística e concessões da Sinfra-MT, Caio Albuquerque, as audiências serão agendadas ainda neste mês. Além disso, ele garantiu que a fiscalização das empresas prestadoras do serviço vem sendo ajustada nos últimos contratos. “Tudo será feito em conjunto com o Tribunal, que sempre foi parceiro do Estado. Vamos avaliar tudo tecnicamente e juridicamente e atuar em conjunto com o TCE para fazer as melhorias possíveis”, concluiu.
Em convenção, pastora erra nome de Tião da Zaeli e acaba pedindo bençãos a Kalil
A pastora Marciana Minote, convidada para fazer uma pregação no ato de convenção do Partido Liberal em Várzea Grande, nesta quinta-feira (1º), cometeu uma gafe no meio da oração. Ao se dirigir ao candidato a vice-prefeito Tião da Zaeli (PL), ela errou o nome e pediu bençoas para o adversário da chapa, o atual prefeito que busca reelição, Kalil Baracat (MDB). A gafe foi registrada em vídeo e rendeu uma careta e sorriso amarelos da pré-candidata à prefeitura Flávia Moretti (PL), e do próprio Tião da Zaeli e outras autoridades que estavam presentes no dispositivo. Coincidência ou não, a convenção partidária de Kalil acontecia simultaneamente ao ato do PL em que a pastora pregava. “E nós colocamos a vida do nosso Kalil aqui, senhor. Kalil, não! Aleluia, senhor! Abençoa, senhor!” continua. Marciana, só foi se lembrar do nome de Kalil alguns segundos depois.