Mendes diz que STF desrespeita o povo brasileiro ao reprovar Marco Temporal

O governador Mauro Mendes criticou o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar inconstitucional a tese do Marco Temporal na demarcação de terras indígenas, na na última quinta-feira (22).  Para Mendes, o STF desrespeitou o Congresso Nacional quando não aguardou que a matéria passasse primeiro pela Câmara dos Deputados e, depois, pelo Senado Federal. As declarações do governador foram dadas nesta segunda-feira (25), durante uma coletiva de imprensa em visita ao Pantanal.   “Um tema que está em pleno debate no Congresso Nacional, não custaria nada para eles esperar mais uma, duas semanas ou um mês, de um tema que está adormecido desde 1988. Eles estão desrespeitando o Congresso Nacional e, consequentemente, o povo brasileiro”, disse. O governador disse ainda que o STF estaria demonstrando um excesso de atribuições, que, na verdade, seria do próprio Congresso Nacional. Inclusive, ele chegou a se posicionar sobre o assunto dizendo que o Legislativo teria “maior competência” para decidir sobre o Marco Temporal. Em outra ocasião, Mendes disse ainda que a votação do STF causou insegurança jurídica no país. O Marco Temporal estabelece que sejam consideradas demarcações de terras indígenas requeridas até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Segundo Mendes, ainda durante a entrevista, a realocação de terras pode implicar na diminuição de áreas de plantio, prejudicando as exportações para 190 países.

Ativista Kay Pranis fala de trabalho pioneiro em Justiça

Ativista da paz, aos 75 anos, a escritora e professora Kay Pranis percorre o mundo com a imensa responsabilidade de revelar ao ser humano aquilo que ele já sabe: que as respostas vêm de dentro. “Uma das maiores coisas que aprendi é que não tenho nada de novo a ensinar às pessoas, as respostas já estão dentro delas, e quando elas escutam eu falar, elas apenas reconhecem que já sabiam as respostas”. Nascida no Estado de Nova Iorque (EUA), de fala mansa, olhos pequenos, jeito doce e muito humilde, não é exagero dizermos que ela se tornou a ‘Mãe dos Círculos de Construção de Paz’, e referência internacional quando o assunto é difundir as práticas da Justiça Restaurativa. Acompanhada da tradutora e também instrutora de círculos de paz, Fátima De Bastiani, Kay ministrou nos dias 21 e 22 de setembro, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o Workshop ‘Justiça Restaurativa e os Processos Circulares’. Na década de 90, o Departamento Correcional do Estado de Minnsesota (EUA), desafiou Kay a desenvolver um método capaz de solucionar conflitos a partir do diálogo. O objetivo era aproximar jovens e adultos inseridos nos mais diferentes sistemas, como escolas, serviços sociais, locais de trabalho, associações de bairro, igrejas, famílias e outros espaços de convivência. Foi a partir daí, que Kay visualizou a possibilidade da criação de espaços seguros de diálogo, envolvendo a presença tanto das vítimas quanto dos ‘agressores’ e a comunidade afetada pelo conflito. “A justiça social requer que todos tenham sua dignidade respeitada. Um dos maiores desafios à construção da paz é que todos tenham sua dignidade respeitada, inclusive aqueles que causaram o dano, porque eles também possuem sua dignidade, que em algum momento foi desrespeitada. E é somente em um espaço de não-condenação que alguém pode mudar. Nós vivemos em um paradigma cultural que condena. Para que as pessoas possam se adequar, nós as ameaçamos, dizemos a elas que não são iguais, que não são eficientes, que não são adequadas, mas essas são estratégias de condenação, que não são eficientes para a construção da paz”, afirma Kay Pranis.   Para Kay, o círculo de construção de paz é uma forma eficiente de justiça, onde aquele que expressa sua verdade e é ouvido com respeito e empatia, traz à tona para todo o grupo, a oportunidade de ressignificar a dor e os traumas vividos. Quando uma grande dor surge, surge também a oportunidade da cura, e quando as perturbações acontecem, portas são abertas para uma cura ainda mais profunda. Os círculos convidam emoções. Por isso, é muito importante que as pessoas sintam confiança em depositar suas emoções no círculo, sem que se sintam constrangidas ou inadequadas, e nesse processo, a empatia e o não-julgamento, ou a não-condenação, são fundamentais. Fundamental assim como a humildade, mas não a humildade pura e simples, e sim a humildade amorosa, afirma Kay. “Humildade é o reconhecimento das nossas limitações, e compreender que isso não me faz menor que o outro, e assim, acessamos a sabedoria coletiva que é sempre maior do que qualquer sabedoria individual. E aí, é importante que a nossa humildade seja também amorosa, com o coração aberto, disposto e disponível”. Com origem nas culturas indígenas da América do Norte, os Círculos de Paz foram ao longo dos anos absorvendo novos conhecimentos, e se adaptando à medida que ganhava o mundo. Conta Kay Pranis, que o respeito ao direito do outro de se expressar, era tão forte entre as tradições indígenas, que somente algo de igual valor poderia fazer parte daquele momento. Acreditava-se que somente um objeto suficientemente digno, quanto a pena de uma águia, seria capaz de ter o respeito dos participantes dentro de um círculo. Para as tradições indígenas, o arquétipo da águia traz valores que são basilares, como superioridade, sabedoria, força, liberdade, honra, verdade e honestidade, sobre os quais nenhum dos participantes do círculo, tendo a pena em suas mãos, seria capaz de agir de outra forma, senão com honestidade e verdade. “Culturas indígenas do Canadá, estabeleceram o uso de uma pena de águia como objeto de respeito ao uso da fala. A sabedoria associada à águia, um animal que voa sobre as nuvens, considerado aquele que é o mais próximo de alcançar o divino, traz uma simbologia e valores muito fortes, principalmente para os povos originários”, explica Kay. Perguntada sobre o legado que pretende deixar, a escritora sorriu levemente, olhou para o alto, como quem busca inspiração, e respondeu: “O que quero deixar como legado é a esperança dos valores que nós construímos nos círculos, os valores do melhor ‘eu’ de cada um, e que as pessoas possam entender, que a partir dessa base de valores nós podemos viver bem juntos, que a humanidade tem a capacidade de fazer melhor do que está fazendo agora, e que existe uma forma concreta de nos movimentarmos nessa direção. Também poderia responder sua pergunta de outra forma, que meu legado seria que as pessoas entendessem a interconexão profunda a que nós todos estamos ligados, e que nós todos estamos profundamente interconectados”. Servidor da Paz Idealizado pela presidente do Poder Judiciário de Mato Grosso, desembargadora Clarice Claudino da Silva, o Projeto ‘Servidor da Paz’, tem a meta de formar facilitadores que irão atuar como agentes de pacificação no ambiente de trabalho. A ferramenta oportuniza aos servidores a possibilidade de viver os valores e princípios da Justiça Restaurativa, proporcionando diálogos e abordagens estruturadas entre os próprios servidores. A técnica não só garante a construção de espaços seguros, onde todos têm a oportunidade de expressar seus sentimentos e necessidades, como também oportuniza a compreensão de atitudes, abrindo caminho para a solução e a prevenção do conflito. Provocada sobre qual seria a maior qualidade de um facilitador, Kay Pranis respondeu: “A qualidade que me vem rapidamente a mente é a humildade. A humildade formata o tipo de relacionamento que vamos ter com as pessoas dos círculos, e torna mais fácil de nos colocarmos em um relacionamento de iguais, em termos de dignidade humana igual para todos, de

Sema e PM apreendem 236 kg de pescado ilegal, armas de fogo e carne de animal silvestre

Da Redação Operações realizadas pela equipe de Fiscalização de Fauna da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) neste fim de semana apreenderam 236 kg de pescado ilegal e resultaram na aplicação de R$ 48,6 mil em multas. Também foram apreendidas três armas de fogo e mais de 11 quilos de carne de animal silvestres. As ações ocorreram nos municípios de Canarana, Barão de Melgaço, Santo Antônio de Leverger e Gaúcha do Norte. Em Canarana foram apreendidos 72,4 kg de pescados, sem a documentação de origem, com um grupo de pescadores amadores, durante fiscalização realizada no Rio Culuene, em conjunto com a 2ª Companhia Independente de Polícia Militar de Proteção Ambiental. O pescado apreendido foi doado ao Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do município e o pescador que se identificou como proprietário dos peixes foi multado em R$ 17.240,00. A carteira de pesca é obrigatória para pescadores amadores. O documento pode ser emitido no site da Sema-MT. Já na comunidade de Estirão Comprido, na região de Barão de Melgaço, em patrulhamento terrestre e com o apoio da 3ª Companhia Independente de Polícia Militar (3ª CIPM), a equipe de fiscalização encontrou, em uma caminhonete Chevrolet S10, 163,6 kg de pescados descaracterizados, sem a cabeça e sem documentação comprobatória. O proprietário do veículo foi multado em R$ 31.360,00 por infração ambiental e teve o carro apreendido e encaminhado a Sema-MT. O pescado foi doado para a Associação de Espinha Bífida de Mato Grosso (AEB-MT), bem como para a Associação de Amigos da Criança com Câncer (AACC). Já em abordagem realizada em Santo Antônio de Leverger foram apreendidos 11,5 kg de carne de animal silvestre, aparentemente de cervo, e uma arma do tipo espingarda calibre 22. A ação contou com o apoio da 3ª CIPM do município. Por sua vez, em Gaúcha do Norte, foram apreendidos um revólver calibre 38 e uma espingarda calibre 28. Ambas apreensões ocorreram em conjunto com a 2ª Companhia Independente de Polícia Militar de Proteção Ambiental e com apoio da Guarnição de Polícia Militar de Gaúcha do Norte. CANAL DE DENÚNCIA A Sema-MT atende denúncias da população contra crimes ambientais e pescas predatórias pela Ouvidoria, no telefone 0800 065 3838, pelo e-mail ouvidoria@sema.mt.gov.br, pelo WhatsApp (65) 99321-9997 e em suas Unidades Regionais.  Quem se deparar com algum crime ambiental também pode denunciar por meio do contato da Polícia Militar -190.

Como ousa discordar

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS Foram divulgadas através de vídeos, dias atrás, as imagens das câmeras de segurança de um condomínio retratando as agressões que um companheiro praticava contra a sua parceira. Os vídeos são do ano de 2.022, e somente agora foram publicados. R.L., enfermeira, havia deixado de exercer a profissão para viver um relacionamento com o médico J.P.C. Passou a cursar medicina com a ajuda do convivente. O fato aconteceu em João Pessoa, onde a mídia narrou que o agressor era pessoa bastante influente. A mulher conta que as agressões aconteceram por inúmeras vezes, mas ela não se enxergava na condição de vítima. Por conta das imagens das respectivas câmeras, vizinhos pediram que ela fosse chamada na delegacia de polícia. Ela, na ocasião, em 2.022, vivendo com o agressor, disse que estava tudo bem em casa, indo embora em seguida. A mulher conta que as vezes que foi agredida, quando o agressor percebia que ela poderia buscar ajuda do poder público lançava: “O que vai acontecer? No máximo pagar uma fiança. Vai acontecer isso. Vou seguir minha vida normal e a sua que acaba porque você vai voltar a ser enfermeira e vai conseguir emprego aonde? Porque as pessoas não vão te ajudar por minha causa”. Segundo ela: “Você tinha que concordar com a opinião dele. Se você tivesse uma opinião própria, ele achava como se fosse um desaforo, como se eu estivesse enfrentando. […] Algumas vezes ele vinha me pedir desculpas daquela forma grandiosa. Outras vezes ele ficava em silencio no canto dele e eu no meu. Até que alguma hora a gente conseguia conversar. Outras vezes ele se mostrava incomodado quando via meu corpo machucado”.  O homem, por certo, acreditou na impunidade. Acreditou, ainda, que a mulher, sua dependente financeira, jamais sairia do relacionamento abusivo e criminoso que vivia. O relacionamento era mantido da forma como ele desejava, já que o absoluto controle do corpo, da vontade, da liberdade, e do futuro dela, o pertenciam. O impacto do relato em não poder exprimir as suas opiniões, ficam evidentes com a obrigatoriedade em se calar, ou com ele concordar. Ter o que ela chama de “opinião própria” era defeso, desaforo, como se fosse um enfrentamento. E acaba sendo indissociável a impossibilidade de manifestar a sua convicção, com a imagem da cabeça dela sendo puxada para trás com força por ele, juntamente com o murro que leva dentro do carro. As cenas mostradas neste caso, em corroboração com os fatos contados, nos apresentam como as mulheres, muitas delas, são tratadas em relacionamentos íntimos e de afeto. O que se denotam são decisões importantes da vida deles e delas tomadas apenas por uma das partes, os homens. Mulheres que sofrem violências morais e psicológicas cotidianamente, por não poderem se expressar em palavras. Para muitas, como acima narrado, é proibido expor as respectivas ideias, sob pena do “amor” entender que elas estão a os afrontar. Logo, ficam a um passo de sofrerem violências à integridade física.    A dúvida sobre estar ou não sendo vítima, já é um importante sinal. A agressividade pode estar “guardada” em situações que elas conseguem enxergar, mas que não vislumbram como graves. O ato de discordar pode ser um exercício revelador…   ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS – é Defensora Pública Estadual e mestra em Sociologia pela UFMT. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site Cuiabá Notícias.

O princípio poluidor vencedor

LUIZ HENRIQUE LIMA No direito ambiental, um dos institutos mais consagrados é o princípio poluidor-pagador – PPP. Referido princípio foi inicialmente introduzido pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos – OCDE em 1972 e preconiza que “o poluidor deve suportar a totalidade dos custos de prevenção e de luta contra a poluição”. Posteriormente, foi incorporado à Agenda 21 das Nações Unidas, à Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (princípio 16) e à Constituição brasileira. Na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981, art. 4º, VII) isso se traduziu na imposição ao poluidor da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados. De igual modo, outras normas acolheram o PPP. O princípio poluidor-pagador significa que os custos de recuperação do meio ambiente afetado devem ser atribuídos ao poluidor. Assim, os preços devem compreender os custos com a prevenção dos danos ambientais. Cumpre esclarecer que não se trata de admitir a atividade poluidora mediante pagamento, mas de cobrar-se das atividades que poluem de alguma forma o meio ambiente, inclusive quando nos limites e padrões da legislação ambiental. Assim, o objetivo é estabelecer um mecanismo econômico que desestimule a degradação ambiental. De um modo geral, o PPP pode ser aplicado por meio de taxas ou tarifas pela emissão de efluentes, de taxas sobre os produtos poluentes, de sistemas de consignação, da criação de mercados de direito de poluição etc. Entretanto, na maioria dos países, ele é aplicado por meio de regulamentações diretas, na medida em que essas transferem para o poluidor os custos ligados ao respeito às normas ambientais. Porém, nem sempre os legisladores e formuladores de políticas públicas acertam. Ao contrário, sucede de praticarem erros clamorosos que provocam confusão, contradição e efeitos contrários ao que seria desejável. Um exemplo são os critérios de repartição dos recursos arrecadados com a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível – CIDE-combustíveis (Leis 10.336/2001 e 10.866/2004). De acordo, com os padrões vigentes, quanto mais “suja” for a matriz energética de determinado estado ou município, maior será a proporção de recursos que receberá da União. Por exemplo, se um estado ou município tiver na sua matriz de consumo de combustíveis uma elevada participação de gás natural veicular ou de veículos elétricos receberá bem menos recursos do que se o seu consumo fosse integralmente de combustíveis fósseis. Da mesma forma, incentivos bem-sucedidos à utilização de bicicletas, ao transporte solidário e ao transporte público  podem provocar perdas de arrecadação para o ente federativo. O que é positivo sob o aspecto ambiental torna-se negativo sob o aspecto fiscal. Há, nesse caso, um incentivo econômico à “carbonização” ou, pelo menos, um desestímulo à adoção de matrizes energéticas de menor impacto ambiental. O mais paradoxal é que o tributo se destina, entre outros, ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes e de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás. É uma situação esdrúxula, que contraria as diretrizes da política nacional sobre mudança do clima e os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, bem como os esforços para realizar uma transição energética. Na prática, a distorção normativa apontada é a aplicação de um princípio “poluidor-vencedor”, anticonstitucional e antiambiental. Aguarda-se a adoção de providências corretivas por parte de legisladores, administradores e reguladores. Luiz Henrique Lima – é doutor em Planejamento Energético e Ambiental, professor e escritor. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site Cuiabá Notícias.

Dia do rádio: Fim do AM e falta de diversidade no FM em Mato Grosso

VINICIUS ANTÔNIO Há muito que se comemorar no dia 25 de setembro e durante todo o ano pela evolução e crescimento do rádio. O veículo continua com alta penetração na sociedade e se mostra vivo, apesar de suas inúmeras notas de falecimento fakes. Para alguém que vive em função desse veículo desde criança, surfando nas ondas sonoras e falando na latinha, creio que o rádio é o meio de comunicação em massa que mais se adaptou às novas mídias. Olha lá o rádio produzindo memes e conteúdo para o Instagram, notícias e publicações para o Facebook, vídeos, podcasts e tantos materiais para o YouTube. Essa possibilidade de se reinventar, talvez, ou melhor, com certeza, faz com que permaneça tão íntimo de quem o trata como membro da família e o faz companhia diária. Embora o rádio de mesa não tenha virado um mero suvenir, a possibilidade de entregar e ouvir o que se transmite em inúmeras plataformas, faz com que o rádio avance e se molde. Afinal, quantas emissoras com câmeras em seu estúdio, obstante daquela imagem fixa em uma só cena, que agora se tornou em cortes e destaques para quem fala, para o clipe da música que está no ar. Enfim, a convergência chegou e o rádio tomou posse daquilo que anunciadamente viria como afiada punhalada certeira. Em 2016, na administração Dilma Rousseff, o Brasil iniciava a tomada de um novo rumo nas comunicações, quando o decreto presidencial nº 8.139, autorizava a migração do AM (Amplitude Modulada) para o FM (Frequência Modulada). A partir deste fato, comunicadores se dividiram em suas opiniões, embora, em sua maioria, classificaram como louvável a opção do Ministério das Comunicações daquele governo. Destacam-se aqui, nessa linha de pensamento, os donos das AM’s, que naquela altura sofriam com os altos custos de manutenção da operação do sistema em ondas médias. A principal queixa era o preço da energia e um modelo de transmissão mais suscetível a interferências dado o avanço das transmissões de celulares, internet e, até mesmo, rede elétrica. Ligue o Corcel 2 perto de um rádio receptor AM e ouça o ruído na transmissão. “Desde a chegada oficial da TV, exatamente em setembro de 1950, o rádio enfrenta previsões ‘futurísticas’ que, inclusive, detalhavam o fim do serviço desse instrumento de comunicação de massa. O tempo passou e o rádio continua absoluto e, certamente, não vai ser a total migração de AM, da amplitude modulada, para FM, a frequência modulada, que provocará o encerramento. O rádio não vai acabar. Toda mudança, independente da situação, dentro do contexto lógico, provoca alterações vantajosas como também não tão interessantes. E entre as vantagens dessa mudança estão melhorias na qualidade do serviço técnico, dentro de um raio de menor alcance, e redução de custos paras as emissoras. No entanto, é preciso, nesse cenário de transição de formato, como muitas emissoras já estão praticando, estabelecer novo tempo na produção de conteúdos, dentro do mundo de convergência midiática, que permitam a permanência e também o engajamento de mais ouvintes. E tudo isso sem que o rádio perca as características de instantaneidade e imediatismo da radiodifusão”, comenta o professor universitário e Diretor de Imprensa e Novas Mídias do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Álvaro Marinho. Este ano de 2023 é o último em que AM’s locais podem ficar em operação no país. O prazo para o funcionamento vai até 31 de dezembro. E, a partir daí um outro ponto de vista. Com a obrigatoriedade do desligamento, estudiosos do rádio afirmam que o Brasil cria uma infinidade de regiões sem comunicação, ou os chamados “desertos de informações”. Há nós, cá em Mato Grosso, vale lembrar o Pantanal, onde existe uma dificuldade imensa para a chegada de novas tecnologias, em especial a internet, e nem mesmo a frequência modulada, ainda que com enorme potência de transmissão, consegue propagação. Ali, o AM se faz mais que necessário e a discussão, mesmo após seu ‘fim’, é que nessas regiões, como Pantanal e Amazônia, o modelo deve ser mantido. Ainda debatendo sobre o fim do AM, mas sem entrar no mérito de seu indiscutível maior alcance, é preciso se falar sobre aquilo que é título deste artigo e questionar o chamado ‘mais do mesmo’. Não há de se citar aqui as rádios que migraram no interior, já que, segundo os pesquisadores do rádio, a segmentação de emissoras deve ser usada apenas em cidades com mais de 200 mil habitantes, e o fato faz com que essas pequenas rádios que migraram a se verem obrigadas a seguir o padrão popular. Mas, tratemos do rádio cuiabano, pois, na capital, foram quatro migrantes, a antiga CBN, que agora transmite o sinal da rádio Vila Real, a Rádio Cultura trocou de faixa e continua com o mesmo nome, a Rádio Difusora Bom Jesus, que após quase 60 anos no ar, fez uma pequena alteração no nome ao migrar e agora opera no FM como Bom Jesus. E claro, a mais antiga emissora de rádio mato-grossense, A Voz do Oeste, que se tornou Conti FM e agora está, em caráter experimental, como FM O Dia, franquia que reproduz moldes de uma programação da capital do Estado do Rio de Janeiro. Na região metropolitana de Cuiabá, de Várzea Grande também migrou a antiga Rádio Industrial, que hoje retransmite a Rádio Massa FM. Com a mudança de faixa, o número de rádios populares aumentou exorbitantemente, fazendo com que as mesmas músicas, o mesmo estilo de locução, as mesmas ideias de promoções, com nomes diferentes, dominassem o rádio cuiabano. O fato é tão verídico, que as pesquisas de opinião dos ouvintes mostram emissoras dando traço e sempre a mesma rádio em primeiro lugar, já que para ouvir o mesmo estilo, é melhor nem mudar o aparelho de estação. “Eu acho que o maior problema é que o pessoal das AMs não se preparou para fazer uma mudança de linguagem. Muitas rádios, não só no mercado cuiabano, mas no Brasil, só transferiram a sua rádio AM para uma frequência modulada, não mudando

Fiscalização da Lei Seca prende 14 pessoas por embriaguez ao volante

A 98ª da Operação Lei Seca terminou com 14 prisões por embriaguez e remoção de 56 veículos (55 carros e uma motocicleta) na Avenida Isaac Póvoas, no centro de Cuiabá. A ação começou às 21hs da noite de domingo (24.09) e seguiu até a madrugada de hoje (25).  Durante a operação, foram fiscalizados 158 veículos e autuados 55, e realizados 162 testes de alcoolemia. As prisões foram realizadas a partir da infração do artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que estabelece a direção sob efeito de álcool como crime de trânsito, por inibir a capacidade psicomotora do condutor.  Também foram confeccionados 71 autos de infração de trânsito, sendo 20 por condução de veículo sob efeito de álcool, 31 por condução sem registro ou não licenciado, nove pela recusa em realizar o teste de alcoolemia, cinco por direção sem carteira de habilitação (CNH) e seis por outras infrações.  Participaram desta edição, sob a coordenadoria do Gabinete de Gestão Integrada (GGI) da Secretaria de Estado de Segurança Pública, equipes da Batalhão de Trânsito (BPMTran), Delegacia de Trânsito (Deletran) da Polícia Judiciária Civil, Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Corpo de Bombeiros (CBM-MT), Polícia Penal, Sistema Socioeducativo e Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob). (Com informações Assessoria)

Incêndio destrói nove casas em aldeia e deixa indígenas desabrigados

Cerca de 70 indígenas da aldeia Santa Clara, em Campinápolis (a 544 km de Cuiabá) ficaram desabrigados após nove casas serem atingidas por um incêndio no último final de semana. Segundo o Corpo de Bombeiros, as equipes estão monitorando a região e realizando o rescaldo no local para evitar novos focos de incêndio.  O incêndio teve início no sábado (23). De acordo com o levantamento do Corpo de Bombeiros, a Aldeia Santa Clara conta com uma população indígena de 300 pessoas e 70 delas moravam nas nove casas destruídas pelo fogo.  “Nós recebemos o chamado da secretária Grasielle, e até aquele momento não havíamos sido acionados pela Funai e nem pelo Ibama. Só para deixar claro: dentro das Terras Indígenas a responsabilidade é da Funai, porém quando eles não têm equipe para atender, ou seja, quando passa da capacidade deles, eles precisam nos acionar”, explicou o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Alessandro Borges.  No domingo (24), não houve a detecção de novos incêndios . As equipes estão realizando o rescaldo de alguns pontos que ameaçavam reignição, além do monitoramento in loco.

“Representar a atual gestão, para mim, vai ser um fracasso nas urnas”, diz presidente do PP sobre pré-candidatura de Stopa

O deputado estadual Paulo Araújo e atual presidente do PP em Mato Grosso, disse que José Roberto Stopa (PV), cometeu um erro ao ligar sua pré-candidatura à disputa pela Prefeitura de Cuiabá nas eleições de 2024 ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).  Em entrevista à Rádio Cultura, o deputado ainda declarou ainda que o apoio de Emanuel deve mais atrapalhar do que ajudar Stopa na disputa pela sucessão do Palácio Alencastro. “Particularmente, gosto muito da pessoa do Stopa, mas acho que ele fez um jogo errado. Representar a atual gestão, para mim, vai ser um fracasso nas urnas para ele”, afirmou. Paulo afirmou que após uma reunião com o diretório do PP, o partido decidiu não dar apoio ao pré-candidato de Emanuel. “Como é que vamos continuar apoiando essa gestão? Não tem como, é um absurdo. Então, decidimos, de forma coletiva, que com a atual gestão nós não podemos caminhar com o candidato apoiado pelo prefeito Emanuel.  O veto é para o candidato apoiado pelo Emanuel e hoje, infelizmente, o candidato declarado pela atual gestão é o pré-candidato Stopa”, afirmou.  Na ocasião, Emanuel anunciou publicamente seu apoio a Stopa e citou a amizade que tem com o vice-prefeito. No início do ano o PP anunciou o rompimento com o prefeito após os diversos escândalos envolvendo denúncias de corrupção na Prefeitura de Cuiabá. No pleito de 2020, quando Emanuel conseguiu se reeleger, o PP foi um dos partidos que apoiou a campanha do emedebista. Araújo esclareceu que este afastamento faz parte da nova diretriz do partido para as eleições municipais de 2024.

Billy Espíndola é o vencedor do 1º Festival Digoreste

A 1ª edição do Festival Digoreste – Rasqueado o Ritmo de Cuiabá, que aconteceu neste fim de semana, premiou em primeiro lugar o artista Billy Espíndola com R$ 10 mil em dinheiro, mais gravação de música e videoclipe na canção “Os Cara do Coxipó”. Ao todo, cerca de 5 mil pessoas prestigiaram o festival em todos os dias, e acompanharam as apresentações dos 34 inscritos, sendo apenas 10 deles selecionados para a fase final. Os três melhores foram escolhidos pela mesa do júri neste domingo (24). Além de Billy Espíndola, campeão, o segundo lugar foi para Fernando Reis com premiação em R$ 5 mil mais videoclipe e, o terceiro, da cantora Semites com premiação em R$ 2 mil. Billy Espíndola e a Guitarra de Cocho Já conhecido como a nova geração do rasqueado mato-grossense, Billy Espíndola é músico, compositor, criador da guitarra de cocho e produtor musical. Na canção premiada, ele fala sobre a região do Coxipó, a qual foi nascido e criado, além da maneira de ser, cativante, de quem ama este tradicional espaço da cuiabania. “Fico honrado com este prestígio do público, jurados e todos que também amam nossa música. Este é mais um dos reconhecimentos que trago com muito carinho para esta trajetória de muito empenho a nossa cultura”, pontua. Sobre o Festival Em cada dia de festival, um ponto da cidade foi escolhido, sendo o primeiro deles no Quintal da Domingas, localizado na Comunidade Beira Rio. O segundo, na Praça Cultural do CPA II e, o terceiro e encerramento, na Praça Principal Ana Martinha do Pedra 90. Nos três dias de evento um documentário foi gravado e deve ser lançado em novembro deste ano, pelo Centro Audiovisual Luiz Marchetti. O Festival Digoreste – Rasqueado o Ritmo de Cuiabá foi realizado pelo Instituto Brasil, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT) e Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).